sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Com a Palavra....

LUPEU LACERDA


1) Por que você escreve?

Por necessidade absoluta. Vomito palavras. Se não escrevê-las, acho que morro engasgado. E sim, porque amo poesia e contos e romançes e prosas e versos e arte na sua mais sincera acepção: Crua. Nua. Como é a vida. Como sempre foi e será a vida.

2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Gostaria de escrever algo que me mudasse, e que a partir disso mudasse um monte de gente. Tipo um Ginsberg, que atrelou sua poesia a contracultura. E gostaria de escrever isso porque quem escreve - acho eu - quer mudar o mundo. Nem que seja o seu próprio.

LUPEU LACERDA ( Por ele mesmo): tenho quarenta e dois anos nasci em São Paulo e tenho um Ceará chamado Cariri entranhado na alma.sou de alma leve, mas afundo como um titanic desgovernado. Basta um olhar, um bar, um iceberg. Moro em Juazeiro da Bahia, escrevo, sou escultor, tenho duas filhas lindas. E milhões de ilhas pra me tornar um robinson crusoé pós-meta-linguagem.sou o que ainda não cheguei a ser.ser ei.se rei.sereias em meus sonhos de menino quarentão.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Um poeta em trânsito...

BILHETE

existimos no mesmo cinza
enquanto sombra e prazer,
entrevendo o suave mistério
do sonho que há de ser


POEMA

mudos estamos
ante o horizonte.

somos naturais
e isso explica tudo.

e quem,
além da mão que semeia ,
terá voz ante o apascentar
dos homens?


DEUS

ante o nada
será tudo
e terminará aqui.



IDERVAL MIRANDA: nasceu em Feira de Santana-Ba, em novembro de 1949. Formado em Letras pela Universidade de Feira de Santana, participa da Revista Hera (poesia), desde os seus primeiros números. Tem contos, poemas e artigos publicados em diversos jornais e revistas nacionais. É autor dos livros Festa e funeral (Coleção dos Novos, 1982), e O azul e o nada (Edições Cordel, 1987). Professor de língua portuguesa da Universidade Estadual de Feira de Santana.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Pefil Especial...Lupeu Lacerda

Dona Sebastiana cantando uma canção inexistente

quem fez o mar e colocou o mar dentro do olho de quem chora?
quem fez o mar no vendaval da fúria insana e o colocou no coração de quem se
apaixona?
quem fez o mar no pôr do sol brando e sereno e o colocou no coração do velho
sapateiro?
quem fez o mar e o encheu de criaturas esquisitas e as colocou na cabeça dos
insones suicidas?
quem fez o mar e o colocou no copo cheio de cerveja ou vinho morno do velho
professor?
quem fez o mar e o colocou no risco da queda nos malabares dos meninos do
semáforo?
quem fez o mar?
quem fez o mar?
o mar é feito de coisas por fazer ainda
o mar é sonho, projeto,
não existe ainda...

"a areia do mar não tem quem apanhe não tem quem apanhe a areia do mar"

Lupeu Lacerda( Por ele mesmo) tenho quarenta e dois anos nasci em São Paulo e tenho um Ceará chamado Cariri entranhado na alma.sou de alma leve, mas afundo como um titanic desgovernado. Basta um olhar, um bar, um iceberg. Moro em Juazeiro da Bahia, escrevo, sou escultor, tenho duas filhas lindas. E milhões de ilhas pra me tornar um robinson crusoé pós-meta-linguagem.
sou o que ainda não cheguei a ser.
ser ei.se rei.sereias em meus sonhos de menino quarentão.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Com a Palavra...

AYÊSKA PAULAFREITAS

1) Por que você escreve?

Escrevo por uma necessidade premente de me expressar, de libertar meus demônios; escrevo porque personagens se impõem e me obrigam a lhes dar voz; escrevo pra não enlouquecer. Mas também escrevo textos que não são artísticos – os mais difíceis - e, para estes, é preciso muita atenção e disciplina.

2) O que você gostaria de escrever e por quê?


Gostaria de escrever a biografia de um artista da música que admire. Primeiro, porque acho o trabalho de pesquisa fascinante; segundo, já tive uma experiência em romance de formação que foi muito prazerosa; terceiro, porque acho que a música é um segmento da arte que não encontra páreo: em sua linguagem universal, provoca vários sentidos e muita emoção.


AYÊSKA PAULAFREITAS é professora, ensaísta, poetisa e contista. Autora de livros infantis como Uma casa na varanda (prêmio Monteiro Lobato da Academia brasileira de Letras, 1987). Escreveu em co-parceria com Júlio Lobo o romance, Glauber – a conquista de um sonho e vários trabalhos na área de literatura e comunicação. Trecho extraído de “O que será de nós com tantos nós?”, conto publicado no livro Não deu tempo pra maquiagem (Secretaria de Cultura e Turismo e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2006).

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

"Perfil" (23)

INVENÇÃO

Como inscrever teu nome na noite,
se te inventei, e teu rosto é sombra
repousando leve no mundo?

Como esperar que me reconheças,
se são nuvens teus olhos, e tua presença
sempre desaparece em total silêncio?

Como te tocar, ao menos em sonho,
se é densa a névoa que nos separa,
e imensa a distância que te enlaça?

Como te manter, enfim, em minha casa,
se te inventei ágil, invisível, oscilando
na transparência vaga de uma lágrima?


ÂNGELA VILMA (1967) é poeta e professora. Mora em Salvador. Participou da coletânea Tanta Poesia (Banco Capital, 2006).

terça-feira, 21 de agosto de 2007

CONVITE

Faça um Clikc na figura para ler o convite.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Singularidades de uma Jovem Escritora (2)

O VÔO

Borboleta ou passarinho? A dúvida me fez acompanhar aquele ser voador até o fim do seu vôo. Realmente eu não sabia e julguei muito pequeno para ser um passarinho e muito grande para uma borboleta... Essa dúvida bastou para que tomasse uma decisão: interrompi a conversa que mantinha com uma amiga, mas não por muito tempo... Num primeiro momento, me pareceu que aquele ser buscava emoções novas, sei lá, um vento que o levasse a uma outra direção, ou talvez o risco o seduzisse. Num segundo momento, não pensei em mais nada. Vi ali, no chão, as asas... Uma para cada lado, separadas do seu corpo, que agonizava, se debatia...
Numa fração de segundos foi embora a minha dúvida, e a borboleta. Sim, era uma borboleta que voava em direção às hélices de um ventilador. Que tragédia, pensei. Quanto tempo passou enclausurada até chegar à plenitude de uma borboleta... Mas, agora, aqui com os meus botões, começo a indagar: "E se não foi um acidente? E se ela estivesse arrependida e só quisesse ser lagarta?"

ELIENE MEDEIROS (1981) nasceu em Feira de Santana -BA. Ex-estudante de Letras da UEFS, atualmente reside em São Paulo. Texto originalmente publicado no blog "Contramão"(mgallo.zip.net) em 30/03/2007.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Com a Palavra...

DÊNISSON PADILHA FILHO

1) Por que você escreve?

Por uma vontade precípua, férrea e estapafúrdia de salvar a raça humana é que escrevo. Escrevo porque preciso da presença de Deus na existência dos personagens que crio; já que a realidade de ter o homem tornado as costas ao Pai nos destrói a todos a cada instante vivido; porque a fera viva da soberba nos consome os dias. Escrevo porque a arte é o único caminho que resta para que se encontre a Deus em espírito e verdade. Porque a espiritualização do cotidiano só é possível mediante o amansamento dos corações; e isso, segundo entendo, só se dá através das Artes.

2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Gostaria de escrever justo o que escrevo. Legar a um mundo vindouro obras de aventura, amor incondicional, votos de honra e glória rendidos à pessoa amada, coragem, retidão de caráter, gratidão, bravura e perdão. Meus protagonistas, embora com uma mancha ou outra de desvio, pois são humanos; são todos dotados de virtudes, que ao longo das tramas são tentadas a falhar, mas pelejam firmemente. Estou no momento a preparar duas novas obras para lançamento; a saber, LOQUAZES GOSTAMENTOS, já pronto, e EPÍSTOLAS AO TEMPO, outro romance de longo fôlego ainda sendo lavrado.


DÊNISSON PADILHA FILHO (1971) é escritor, poeta, contista e roteirista. Autor dos livros Gavihomem (Art Compet Editora, 1998), Aboios Celestes (Selo Bahia, Funceb, 1999) e Carmina e os Vaqueiros do Pequi (Santa Luzia Editora, 2002). Co-autor do roteiro do curta-metragem Na Terra do Sol (MINC, 2005), dirigido pelo cineasta Lula Oliveira. Também escreveu os ainda inéditos Epístolas ao Tempo (romance), Loquazes Gostamentos (poemas), Calumbi (curta-metragem/cinema) e O Jokerman sentado na pedra fria (curta-metragem/vídeo).



quarta-feira, 15 de agosto de 2007

L A N Ç A M E N T O


Polichinello 8
N E S T A E D I Ç Ã O:
André Queiroz - Antônio Moura - Ana Godoy
Arturo Gamero - Ana Guimarães - Ana Carmem J. Casco
Calos Emilio C. Lima - Daniel Lins - Edson Passetti
Evandro Affonso Ferreira - Edílson Pantoja - Caio Meira
Lúcia Castello Branco - Lucius de Mello - Milton Meira
Mayrant Gallo - Ney Ferraz Paiva - Nonato Cardoso
Virna Teixeira - Evandro Nascimento
Vicente Franz Cecim - Valério Fiel da Costa
A ESCRITA MIGRATÓRIA, conceito que pensa a escrita a como força transitiva que esfacela o limite do gênero, da língua, da identidade, engendrando um espaço de confluência, onde as diferenças se proliferam e se dobram num intenso fazer, escrita, desejo, acontecimento.
A S ESCRITAS MIGRATÓRIAS Tangenciam por todos os lugares, não param nunca, desenham e redesenham o mapa do espaço literário, nelas nada se estabelece, a literatura está sempre por refazer-se, é sempre outra, constitui uma intensa saúde.
O Lançamento da revista Polichinello
será sexta feira, 24 de Agosto,às 19h Museu da Cultura - Puc/SP

"Perfil" (22)

"...que a boa fortuna ou uma bramura, um estúrdio...um vaqueiro velho fuça dos longes... e pra toda boa-ventura, pra todo conforto de alegria, hai um arrasamento de peso igual, talequal...pra toda roça, hai um formigueiro... e pra toda paragem de sertão, hai uma seca desacertada e infeliz..." .

"... que o doutor é de vera um homem que possui estudos e possui diplomas mas não possui pra si uma verdade. É que o coração de um vaqueiro é um bicho que possui as vontades dele. Ele vive, esse um bicho, é grudado nos dentros dos peitos da gente; é feito um miúdo nosso mas não é; ele é um criaturo de opiniões dele que em quando quer um desejo é qual uma rês teimosa que ninguém não dobra; é o coração do vaqueiro. A gente quer pra uma banda, ciente do certo; do viável; e o coração aposta nos impossíveis, no difícil da volta grande... nos idos contra o homem... que é assim o coração; que é gostador dos perigos e dos confusos decididos..."


DÊNISSON PADILHA FILHO (1971) é escritor, poeta, contista e roteirista. Autor dos livros Gavihomem (Art Compet Editora, 1998) e Aboios Celestes (Selo Bahia, Funceb, 199). Co-autor do roteiro do curta-metragem Na Terra do Sol (MINC, 2005), dirigido pelo cineasta Lula Oliveira. Também escreveu os ainda inéditos Epístolas ao Tempo (romance), Loquazes Gostamentos (poemas), Calumbi (curta-metragem/cinema) e O Jokerman sentado na pedra fria (curta-metragem/vídeo). Os trechos acima foram extraídos do romance Carmina e os Vaqueiros do Pequi (Santa Luzia Editora, 2002)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

20 Drummond Anos depois...




20 anos , a mesma pedra o mesmo caminho,
homens outros.
Outros anjos ,tortos...
20 anos, também deveras, o itabirano desfiando
os cordeis do infinito.
A pedra...
GEORGIO SILVA. Para um poeta que li com gosto...Drummond. Homenagem do "ENTRE ASPAS"

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Com a Palavra...

VANESSA BUFFONE


1) Por que você escreve?

Tenho lido e ouvido alguns escritores contar porque escrevem. Agora mesmo ouço Rilke, em Cartas a um jovem poeta; Nélida (nada melhor que escritor vivo!), numa entrevista junho passado a ElPais, jornal aqui da España. Eu mesma carrego dentro de mim essas respostas e tantas outras de outros escritores que me inspiram, de escritores amigos, de artistas. Ou seja, um mundo de vozes fala dentro de mim quando ouço essa pergunta. Então vejo que escrevo justo por isso, porque busco ouvir minha voz; minha voz límpida e clara para mim, dentro deste mundo tão grande e de tantas vozes.


2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Tanta coisa. Sinto tanta vontade de beleza. Agora estou descobrindo o mundo em castellano e em inglês. A gente é outro em nova língua. Estou traduzindo As casas onde eu morei para o inglês e o castellano. Versão ampliada e corrigida, como eu.

Tem também a música como novidade. Um poema meu foi musicado por José Padilla (criador do Chill Out e do Café del Mar). Eu coloquei voz também. A música está no CD Café Solo 2 (na internet vocês encontram), coletânea de música chill out. Gostamos muito do resultado, tanto que vamos fazer um CD nosso, apenas com Chill out & literature. Não só poemas, mas também trechos de contos. Selecionamos trechos de Tutaméia; poemas de Neruda, do Livro das Perguntas. Estou escrevendo poemas novos, e adoraria ver poemas e contos de Adelice, Belmonte, Mayrant.


VANESSA BUFFONE (Rio de Janeiro, 1976), reside em Ibiza, Espanha. É advogada e poeta. Em 2004, participou da coletânea Os outros poemas de que falei, editado pelo Banco Capital. Em 2005, conquistou o Prêmio Braskem de Cultura e Arte, com o livro As casas onde eu morei. Integra o Dicionário de escritores baianos, editado pela Secretaria de Cultura e Turismo e da Fundação Cultural do Estado da Bahia em 2006. Participa da coleção "Poetas da década de 2000", coordenada por Marco Lucchesi, com lançamento previsto para 2007. Coordenou o projeto Malungos, para dar voz à literatura baiana contemporânea, realizado em Salvador, BA, ora na gaveta, esperando verba para trazer tanto poeta baiano a Ibiza. Durante todo este ano, a autora estará entre Espanha e Londres gravando o CD de Chill Out & Literature, com o ícone e criador da música Chill Out, José Padilla. Uma das músicas já gravadas, Voltar, tem voice & lirics da autora, extraída do poema, Costureirinha. Está na nova coletânea de José Padilla, Café Solo 2.


Crédito da foto: José Padilla, em Bonete, São Paulo, 2007.





quarta-feira, 8 de agosto de 2007

"Perfil" (21)

OUVINDO MÚSICA

passeio de bonde

maio florido

moça morta

bartók às pampas



nunca julgue o dissonante pedido

pode ser a amante

num piano velho



a própria vida em ritornello


O HORIZONTE CINZA SOPRA

A tarde é longa

e a vida, breve.



Não me amas.



(Cada gesto do relógio
conta)


CONFISSÃO

Em meu aniversário
dois goles d´água
e a lua


ESPERANÇA

Tua xota no soldado morto.


JOAQUIM GAMA DE CARVALHO (1981) é formado em Letras. Tem um único livro publicado, Esperança crispada (Feira de Santana: Edições Cordel, 2004), volume em que divide as atenções com mais dois poetas: Tito Gonçalves e Bruno Carvalho.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

"Perfil" (20)


Não venham falar de dor como se fosse privilégio dos sensatos. Afinal, que coisa é essa a sensatez? Um código? Instituição? Trilhos. Paralelos. Sobre dormentes.

Sofro. Não estou buscando compreensão, muito menos tentando me justificar. Apenas preciso abrir as comportas e me derramar porque, por mais que duvidem, sofro.

A dor se instalou em mim quando lhe fiz a pergunta: que será de nós com tantos nós? Uma dor com garras, anzóis na garganta – extraem-se rasgando a carne. Uma dor rainha, tirana. Uma dor como só os loucos de amor podem conceber.


AYÊSKA PAULAFREITAS é professora, ensaísta, poetisa e contista. Autora de livros infantis como Uma casa na varanda (prêmio Monteiro Lobato da Academia brasileira de Letras, 1987). Escreveu em co-parceria com Júlio Lobo o romance, Glauber – a conquista de um sonho e vários trabalhos na área de literatura e comunicação. Trecho extraído de “O que será de nós com tantos nós?”, conto publicado no livro Não deu tempo pra maquiagem (Secretaria de Cultura e Turismo e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2006).

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Com a Palavra...

SANDRO ORNELLAS



1) Por que você escreve?

Acho que comecei escrevendo para imitar os escritores que gostava de ler, assim como crianças imitam adultos. Acho que continuei depois escrevendo porque tinha a impressão de que isso criava sentidos, significados, idéias, perspectivas e valores para a minha vida meio sem graça. Hoje, acho que escrevo, sem deixar os sentimentos anteriores e outros possíveis, também como um modo de discutir questões que me tocam, me afetam e me interessam das mais diversas maneiras.


2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Gostaria de ser capaz de escrever prosa, o que acho dificílimo. Nos últimos meses, pela primeira vez, andei "rabiscando" no computador algumas tentativas de contos. Tenho também a idéia para um romance (acho que os "contos" são um treinamento para ele), o que não sei ser capaz de escrever. A prosa demanda um tipo de investimento físico e intelectual (se é que não são a mesma coisa) diverso do da poesia. Além disso, gosto de me ver como escritor, e não como poeta. A mitologia ao redor deste último me incomoda um pouco. O escritor também é mitificado, mas, no caso dele, a afirmação do Rimbaud de que "a mão que segura a pena vale tanto quanto a que empurra o arado" me parece mais pertinente. Isso, no entanto, é um valor absolutamente pessoal.



SANDRO ORNELLAS (1971) nasceu em Brasília-DF e mora em Salvador-BA. Autor de Simulações (poemas, Fundação Casa de Jorge Amado, 1998) e Trabalhos do Corpo (poemas, Letra Capital, 2007). Escreve o blog "Simulador de Vôo" (simuladordevoo.blogspot.com).



quarta-feira, 1 de agosto de 2007

"Perfil" (19)

DICOTOMIA

Estou só.
Não quero o homem que me quer
E há um sol que eu quero em meu rosto.

Crescer é fogo, amor, consome.
Perdoe o medo, o nojo, a fome.
Amar é doce, enjoa.

Não quero o pássaro que tenho nas mãos.
Eu preciso é dessa ave que voa.


KÁTIA BORGES (1968) é jornalista, poeta e contista. Tem publicado De volta à Caixa de Abelhas (poemas, 2002). Participou das coletâneas Sete cantares de amigos (2003) e Concerto lírico a quinze vozes (2004). Tem poemas e contos publicados na revista Iararana (números 1 e 5). Mais textos da autora no endereço www.mmeka.blogspot.com.