O pano e a agulha.
Agulha sem o rumo da costura,
Rasgo que pede remendo.
O do dia, rasgar-se e remendar-se.
Meus sonhos de bordados,
Do tudo bonito,
Do perfeito, da harmonia.
O medo do rasgo,
Os sustos do roto, do feio e do morto.
Costureira que acredita em assombração.
O pano e a agulha
Nas minhas mãos,
Que não quero sentir mais medo.
E a imagem que vejo
É de uma mulher que espera.
Uma mulher sentada embaixo de uma árvore.
O fazer da vida.
Os começos.
Uns dentro dos outros.
Os ínterins. As paralelas.
As constelações são as mesmas para todos os navegantes.
Igual a ir é voltar, que tudo é caminho.
Longe é só o cochichar da dúvida.
Perto é a mulher que está embaixo da árvore,
É a própria árvore.
Desejo de descansar no sim de teus olhos.
Voltar.
O caminho da volta é um dos princípios dos mundos.
Volta ao mundo tem muitos sentidos,
E eu preciso voltar.
Todos precisamos.
Perder-se é o sentido do círculo.
Volta ao mundo tem muitos sentidos.
Parto.
Volto.
Viajo.
O desejo de descansar no sim de teus olhos.
O pano e a agulha,
O sim do bordado.