sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Noticias !










I


SHOW DE ROCK E LITERATURA



A banda de punk rock Pastel de Miolos (no seu primeiro show acústico em 14 anos de trajetória), o poeta Lupeu Lacerda (com poemas de seu primeiro livro "Entre o alho e o sal") e o quarteto de escritores Corte (Gustavo Rios, Sandro Ornellas, Lima Trindade e Wladimir Cazé) participam do projeto Remix-se, no sábado, 22 de novembro, no Pátio do ICBA (Corredor da Vitória, 1.809). No show, a energia e a sonoridade pesada da Pastel de Miolos se somam à modernidade urbana da literatura baiana contemporânea.



Lupeu Lacerda vem de Juazeiro (BA), onde mora, para seu primeiro recital em Salvador, a convite do Corte. Ele fará uma leitura improvisada, com acompanhamento musical da Pastel de Miolos, e o Corte fará intervenções com trechos de seus livros, durante a execução de algumas músicas pela banda. Gustavo Rios lerá seu poema "Ilusões", musicado pela Pastel de Miolos há alguns anos, Lima Trindade lerá um trecho de seu conto "Queen Mary II", Sandro Ornellas lerá seu poema "Serpentário" (ao som de "Riders on the storm", do Doors) e Cazé lerá um fragmento de um texto inédito.



A Pastel de Miolos é um power trio (guitarra, baixo e bateria, respectivamente Allisson Lima, Alex Costa e Wilson Santana) com incontáveis shows na região metropolitana de Salvador e pelo interior. "Tocamos juntos há tantos anos e nunca tínhamos feito um show com violão no lugar da guitarra", diz Alisson, que, no recital de literatura e rock, vai trocar a guitarra por um violão turbinado por efeitos de pedal. "Quando uma banda coloca elementos novos, muda tudo, o processo criativo parece que se abre", repara Alisson. Além de músicas próprias da Pastel de Miolos, a platéia ouvirá clássicos do punk nacional – "Soldados" (Legião Urbana), "Até quando" (Plebe Rude), "Astronautas" (Replicantes),"Vergonha" (Olho Seco) – e estrangeiro ("Brand new Cadillac" e "Guns of Brixton", do Clash).



FICHA TÉCNICA:



Corte: Lupeu Lacerda, Sandro Ornellas e Wladimir Cazé (poetas) Lima Trindade e Gustavo Rios (contistas).

Pastel de Miolos: Alex Costa (baixo e voz), Allisson Lima (guitarra e voz) e Wilson Santana (bateria)



SERVIÇO:



Onde: ICBA / Instituto Goethe, Avenida Corredor da Vitória, 1.809, Salvador (BA)

Quando: 22 de novembro, às 18h

Quanto: Entrada franca

Realização: Projeto Remix-se

E-mail: verbo21@gmail.com

Site: http://sequicosacro.blogspot.com/

http://www.myspace.com/pasteldemiolos




II



Vestígios da Senhorita B. , de Renata Belmonte será exibido no dia 14 de novembro às 16:00 horas na sala Walter da Silveira/Alexandre Robatto. Ele faz parte do Panorama Nacional da 12ª edição do Festival 5 Minutos.






III


Nesta 12ª edição do Festival 5 Minutos, 169 vídeos de várias regiões do país integram a mostra Panorama Nacional. São obras diversas, de variados gêneros, que demonstram a força inventiva da mais recente produção audiovisual brasileira. Esses vídeos foram inscritos para essa edição do festival, mas não foram selecionados para a Mostra Competitiva do evento. Mesmo assim, terão espaço assegurado para exibição pública nas Salas Walter da Silveira e Alexandre Robatto.
Programa 8 - 58’15’’ 13.11, qui - 15h
MAIS UMA HISTÓRIA DE AMOR

Elenco: Graça Sena e Carlos Passos

Duração: 5 min

Ano de realização: 2008

Captura: miniDV

Sinopse: Um escritor decadente é abandonado por uma mulher depois de 7 anos de convivência.

Música: Zé de Rocha

Roteiro: Pablo Sales e Nelson Magalhães Filho

Fotografado, editado, dirigido e produzido por Nelson Magalhães Filho


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ÂNGELA & ÂNGELA

VIGÍLIA

Tocar-te. E às sombras do som
de meus dedos em teu corpo
permanecer.

Tocar-te inteiro. Tuas mãos
frias no inverno, teus cabelos
adornados de silêncios,


e até teu espelho.



SILÊNCIOS

O que tua distância impõe
à minha mais doce ternura
são os silêncios da infância

Silêncios enormes e escuros
da menina olhando o mundo
pelas tranças do cabelo.

Silêncios tristes, sucessivos,
saindo, vindo em desterro
ao mais antigo desejo.

Silêncios perversos, envoltos
nessa dor que só os mortos
silenciam, em segredo.



ÂNGELA VILMA é professora e poeta, nascida em Andaraí exatamente hoje. Na assertiva de Victor Vhil, a poesia de Ângela é "a parte humana de deus". De acordo. Poemas respectivamente extraídos da coletânea Tanta Poesia (2006).

domingo, 2 de novembro de 2008

DO EXÍLIO...

Pampa sem fim

Me torno
distância contemplada

E já não há distância




Apesar de não ver
tento permanecer um

Um
com o capuz do olhar



O mar lá fora, noturno
e o mar interno, profundo

Era só um ponto
seu torpor contínuo

dilui o insight
que escapa das palavras



THOMAZ ALBORNOZ NEVES nasceu em 1963, em Sant´Ana do Livramento, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Bacharel em Direito e Mestre em literatura pela PUC carioca. Publicou Reneé, 1987, Poemas, 1990, e Sol sem imagem, edição bilíngue ao espanhol, pela Topbooks. Poemas extraídos do volume Exílio (1998, Editora Movimento). No dizer do saudoso José Paulo Paes, Albornoz Neves é dono de uma poesia "cristalina e misteriosa".

domingo, 5 de outubro de 2008

E HOJE É DOMINGO...

LAZER

Domingo indo.

Indo profundamente
Por um rio ausente...

Domingo indo,
Quase findo.

Domingo indo,
Quase vindo.

Dormindo.


MAYRANT GALLO (1962). Poeta e contista.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Casa...

Um sopro
sempre, suposto

Um sopro
simples, sintético

Um sopro
sinto, sinético

Um sopro
sinal, silencioso

Um sopro
Janela aberta...

Passos rumo a tarde.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Convite de Lançamento


Clique na imagem para ampliar avizualização.

sábado, 30 de agosto de 2008

AS NOVAS MARGENS DE IDMAR BOAVENTURA

AUTO-RETRATO

Sou mesmo sozinho.
Todo o universo
mora em meus olhos,
e o outro universo
não me diz respeito.
Moro sozinho
comigo mesmo.
Pintei meu retrato
no fundo do ego
e eu me contemplo
e a mim mesmo mesmo nego
(me faça o avesso
de uma velha farsa)
mas sou mesmo eu
e isso a mim basta.

IDMAR BOAVENTURA é poeta e professor. Mora em Conceição do Jacuípe. Tem publicado o livro "O desossar (d)as horas" (Tribuna Cultural, 2004). Poema extraido de "A Outra Margem" (Secretária de Cultura: Fundação Pedro Calmon, 2008).

sábado, 23 de agosto de 2008

Que o deserto acuda a quem cedo Madruga

Um homem possuído pela ira passou dezessete luas vagando pelo deserto de Chiuhauha, no México.Após penar muito, não só porque não sabia o motivo de sua raiva, mas também devido à falta de alguém em quem descontá-la, olhou para o sol e suplicou: “Torre o que me resta de massa cinzenta.”Então, uma voz, não exatamente a do sol, replicou: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.”Enquanto o andarilho procurava de onde tinham vindo palavras tão sábias uma serpente o picou.
RICARDO THADEU, Jacuipense, estudante de letras na Uefs. Edita o blog 100 fundamentos. www.ricardothadeu.blogspot.com

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nelson Magalhães Filho, magia e cor ...


Pintura que é capa do livro Só Sobreviventes, Tulle, 2008 , do trio PAULO ANDRÉ, THIAGO LINS E GEORGIO SILVA (RIOS).



quinta-feira, 31 de julho de 2008

Algumas travessuras de Paulo André.

INFÂNCIA

No baú
o velho carretel
a vela
o barbante.

A pequena e saudosa estrada.

O carrinho roto no piso
Cinzas do velho menino.



Paulo André, Poeta e contista do Picado...

Para os amigos Sandro Ornellas, Lupeu Lacerda,Gustavo Rios, Lima Trindade,Renata Belmonte e a todos os amigos que acompanham o "Entre Aspas".Enfim , a todos, todos mesmo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

ESSE É PARA O MAYRANT...

BRINCADEIRA

Ainda em Paz
A pequena despia-se
Para ninguém

terça-feira, 8 de julho de 2008

Uma verdade instantânea!!!!

DANÇA

O vento frio,
varre as curvas do
rio.

Ri dos pássaros e rasga a seda.
Sede...

O vento frio deste inverno
abre o rio e a alma.

Estevão Silva, Sexagenário inédito que conheci na zona rural de Cícero Dantas.

sábado, 28 de junho de 2008

Na manhã que se anuncia...

Para Carlos Barbosa, desde as barrancas do rio...Da equipe "Entre Aspas"
Rasga o sol, em sua confusão de raios, ligeiramente enfileirados. Isto é o amanhecer de minha terra. Um som ao longe mostra que não sou só eu que estou acordado, há mais alguém, alguma coisa se move além dos meus olhos semi-despertos, perdidos, na tímida coloração que ganha o dia nascido.O cheiro da terra coberta de sereno, revolvida por passos incipientes, os meus, prende-se às minhas narinas.
A cacimba, água doce, minha infância que se projeta na sua superfície inexata, desfeita em ondas, pedra que joguei faz pouco...
É chã minha lida, meu umbigo preso a terra.
As partículas todas, os seixos em minhas sandálias, o couro que recobre pés gastos do dia, da sina de quem vive nestas paragens recobertas pelo céu desnudo sobre a cabeça que ostenta a grandeza do chapéu de palha. A pindoba verde que se colhe, e seca, para que a velha mãe cumpra em seus dedos a esteira nova. Afã do meu descanso, algo escasso num dia curto de lida. Salvo com goles na cabaça, oco invólucro, depósito da santa água, razão das longas caminhadas, dos martírios, das mortes de homens e gado.
O golpe exato da peixeira nos sulcos escuros do caminho. A Terra dará seus frutos adubados com sangue... E abriremos a nova terra à foice e facão.É o sol já alto. A enxada ditará o dia de hoje, dia de sempre, até que se esconda outra vez o sol, que segue a curtir minha brônzea pele de filho da terra...

terça-feira, 10 de junho de 2008

LÚCIA E OS PEIXES

O PEIXE-PESCADOR

O peixe-pescador
parece pedra
parece rocha.

Está sempre parado,
com os olhos arregalados.

O peixe-pescador não nega a natureza.
Abre a boca com esperteza,
cheio de malícia, tem até sua própria isca.


PEIXINHOS

Eu falo
danço
subo, torço
retorço.

Ébrio de
cor
em cor
na cor
sou sempre outro.

Vermelho-caju
azul-mirim
amarelo-capim
jasmim
assim
nos teus jardins
de ninhos
olhinhos
diversos peixinhos.


PEIXE-VOADOR

Da água verde,
um peixe reluzente salta e ganha o céu.


LÚCIA SANTÓRI-CARNEIRO é professora e poeta. Poemas extraídos do livro As voltas do tempo ( Salvador: Fundação Pedro Calmon, 2008)

sábado, 31 de maio de 2008

CENA I

Ante as asas depostas
o mar

as mesmas cores
as mesmas cores, apagadas,
víceras expostas
ao tempo.

As páginas abertas, ao vento...

as pálidas entranhas.
As estranhas voltas emaranhadas
de teus olhos inertes.

Temendo, a eminente chuva que cai.


GEORGIO RIOS, Jacuipense, co-editor do blog. Tem publicado em parceria com Thiago Lins e Paulo André, o livro "Só Sobreviventes"Tulle, 2008.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Dois Poemas INÉDITOS De SANDRO ORNELLAS

SEM NOME

a mãe comia com as mãos
o pai comia com os olhos
o irmão comia com os pés

a anoréxica não comia
& o filho come pelas beiradas

ela come como um crime
que comete ao sabor de
descaso & culpa & fome

de noite se deita & relembra
a história que a consome

tem o gosto da sua própria carne
& do seu próprio sangue no abdome

é entre os dez dedos doídos &
os muitos dentes roídos que vive
o dissabor de uma história sem nome



ÁLBUM

para Yara Camillo

§
cidades são ante-salas das coisas vividas
§
parques são cinemas em 180 graus na cabeça
§
estradas são sinais de fumaça para os pés
§
panelas são caixas que registram a ascendência
§
aviões são espirais intermináveis do passado
§
espelhos são maçãs da árvore do conhecimento
§
ruas são cordas em que esticamos o céu
§
postes são peças de um jogo de tabuleiro
§
praias são formigueiros nos cinco sentidos
§
óculos são jardins que escondem vida selvagem
§
pontos-de-ônibus são histórias de pescador
§
quartos são xícaras à beira da mesa
§
cabelos são garrafas vazias depois da festa
§
escolas são estantes cheias de pardais
§
discos são máquinas de voar que são discos
§
amigos são outros que nos levam a (ser) outros
§
casas são sapatos apertando pés suspensos
§
livros são bichos que criamos para nos matar
§
peles são vulcões que nascem ao rés do corpo
§
lábios são gestos de nossas mãos em flor
§
barbas são espinhos cultivados com ternura
§
mortos são pêlos brancos à mostra no nariz
§
escritos são escritos são escritos são escritos



Sandro Ornellas (1971) nasceu em Brasília-DF e mora em Salvador-BA. Publicou os livros de poemas SIMULAÇÕES (1998, Salvador, Fundação Casa> de Jorge Amado, Prêmio FCJA/COPENE para autores inéditos) e TRABALHOS DO CORPO (2007, Rio de Janeiro, Letra Capital). Também é professor de literatura na UFBA.

sábado, 10 de maio de 2008

TRÊS MINI-CONTOS DE WILSON GORJ

FALSOS

Do Paraguai trouxe um uísque, um relógio e uma loira.
O uísque revelou-se intragável. O relógio, quando não adiantava, atrasava. E os cabelos da loira, aos poucos, escureceram.
Um dia, ela prestou exame na USP. Passou em primeiro lugar.


CONFISSURA


Todas as tardes, ela ia à igreja se confessar.
Quando esgotou seu repertório de faltas e delitos, fez ao padre uma confissão um tanto quanto indecorosa.
A partir daí, na sacristia, seu estoque de pecados era constantemente renovado.


REFLEXO TARDIO

Tendo dobrado a esquina, o caixeiro-viajante topou com uma mulher, cuja reação não pode compreender. Ora, ela simplesmente saiu correndo, cheia de espanto.
Verdade que não era bonito. Mas, por mais feio que fosse, sua feiúra não era tanta a ponto de espantar uma mulher como se fosse uma barata.
“Talvez eu esteja com remelas nos olhos”, ponderava Gregor Samsa, enquanto vasculhava a sua maleta à procura de um espelho.



WILSON GORJ nasceu em 1977, em Aparecida, SP. Mais de e sobre WG em: omuroeoutraspgs.blogspot.com

terça-feira, 6 de maio de 2008

Poema pra sentir dor

No fim do mundo nasceu um menino
que come pêras como quem chupa manga;

seus pés, seus dentes e seu dorso
são só poesia...
até as costelas
que agora lhe perfuram os rins
teimam em recitar versos.

Enquanto isso,
sorrio no espelho
e tenho pena da pobre criatura.

Pra que tantos dedos?


EDSON OLIVEIRA DA SILVA reside em Santo Estevão - BA. Cumpre mestrado em literatura e diversidade cultural pela UEFS.

sábado, 3 de maio de 2008

DO RAPTO

..."Augusta, a infanta, por ali quedava feito tantas outras de sua idade, a sonhar com belos e bons partidos, jovens e raros cavaleiros daquela Europa de brios moribundos, para que, por um desses pudesse ser desposada. Em muito Augusta se destacava; em beldade, cortesia e doçura das demais infantas citadinas; que com ela vez por outra se ajuntavam e com as aias confidentes a bem de confabular seus supostos e fantásticos esponsais ou encontros pelas brenhas trasmontanas, com alguns nobres ou não, que por ali errassem e se encantassem por elas.
Augusta encerrava em si tudo isso; a tenra fase dos suspiros libidinosos juvenis, o ideal do matrimônio perfeito. E como tantas outras de sua idade ao longo de incontáveis séculos, sonhava, tanto quanto, com aquele ato que definisse o todo servir do cavaleiro para com a sua escolhida, a saber: o rapto. Porque a mulher, do alto da indomabilidade de sua alma, espera as mais cabais e tácitas provas de amor por quanto possa se assegurar da querência do cavaleiro por ela. Todas, um dia, sob pena de se enfeiarem no coração, precisam ser raptadas. Este ato aparentemente bárbaro e covarde alimenta o amor próprio do indivíduo-mulher. Por estas ora descritas, vos afirmo, irmãos homens que se aprazerem de ser guiados por estas epístolas; não hesiteis em raptá-las. Por amor vós podeis cometer as mais transgressoras atitudes. "...
(Excerto da epístola XXVIII do romance EPÍSTOLAS AO TEMPO, que Dênisson Padilha Filho já prepara para lançar).


DÊNISSON PADILHA FILHO (1971) é escritor, poeta, contista e roteirista. Autor dos livros Gavihomem (Art Contemp Editora, 1998), Aboios Celestes (Selo Bahia, Funceb, 1999) e Carmina e os Vaqueiros do Pequi (Santa Luzia Editora, 2002). Co-autor do roteiro do curta-metragem Na Terra do Sol (MINC, 2005), dirigido pelo cineasta Lula Oliveira. Também escreveu os ainda inéditos Epístolas ao Tempo (romance), Loquazes Gostamentos (poemas), Calumbi (curta-metragem/cinema) e O Jokerman sentado na pedra fria (curta-metragem/vídeo).

terça-feira, 29 de abril de 2008

[sem título]

"Parece-me que sempre serei feliz
no lugar onde não estou" (Charles Baudelaire)



depois de tudo, concluo que
um dia preciso me trancar
em casa e não ver mais ninguém:
seis anos de reclusão, obrigada

então uso a rede como remédio
e me esqueço, entregue
à indiferenciação entre as coisas:
diluída e inerte na massa física do mundo

saio e, pela janela do carro, olho
e me vejo refletida no espelho:
estarei para sempre limitada
ao território do corpo em movimento


KATHERINE FUNKE é jornalista e escritora. Mantém o blog notas mínimas(notasminimas.blogspot.com)

sábado, 26 de abril de 2008

III. DE 100 Fundamentos

O sol cansado se despia no horizonte e o Mestre Zen tinha visitas: um jovem militar vindo de um país distante. Enquanto moço mirava a alva face anciã em busca de respostas, o velho Mestre Zen já preparava o chá de meditação seguido de uma lição de moral silenciadora.
Dos campos de arroz no fundo do monastério veio a resposta que o soldado procurava, um discípulo encontrou um fuzil na plantação. O fardado deu graças ao menino e em retribuição jogou um cogumelo nuclear em sua careca.

RICARDO THADEU,Natural de Riachão do Jacuipe-Ba edita o blog www.ricardothadeu.blogspot.com

terça-feira, 22 de abril de 2008

DOIS POEMAS DE ELIESER CESAR

CINAMOMO

Na encruzilhada da vida,
Já não sei que caminho tomo;

se sou velho, menino ou gnomo;
se, entro num bar, peço uma cachaça e tomo.

Pegarei o Dom Quixote para ler o segundo tomo?

Mas, sei – ò, bem sei, que triste tombo!

Não há de chorar por mim um cinamomo.



PELOURINHO

Não julgo cor,
nem escolho tribo
(toda cisão me atrapalha).

Não tenho Deus,
nem o Diabo
que me valha.

Não sou (e isto é o bastante),
proprietário da casa-grande,
nem inquilino da senzala.


ELIESER CESAR (1960) é natural de Euclides da Cunha – BA. É poeta, ficcionista, jornalista e professor universitário. Tem publicado O Azar do Goleiro (novela, 1989), O escolhido das sombras (contos, 1995), Os Cadernos de Fernando Infante (poemas, 1997) e A Garota do Outdoor (contos, 2006). Integra a antologia A Poesia Baiana no século XX, organizada por Assis Brasil em 1999.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Um pequeno conto

Lembranças


Há dias em que fatos acontecem que parecem já terem acontecido. Dias que seguem cotidianamente em que você sabe o que tem que fazer como pegar um resultado de seleção para professor e você vê este fato como uma repetição de algo que já aconteceu. Estranha coincidência que você esquece no resto do dia. Outro dia você vê alguém e pensa já tê-lo encontrado nas mesmas circunstâncias. E você nunca o viu. Numa manhã você acorda e pensa já ter acordado nesta mesma manhã: o sol, o dia, os dentes, a creme dental são os mesmos. Você se pergunta se já vivera a sua morte? Você não sabe. Outro dia qualquer você vai à escola, as aulas o esperam. Caminha na mesma rua escura, dois homens acompanham-no. E você sabe o que vai acontecer.

Carlos Borges (1982) é escritor. Mora em São Gonçalo. Tem publicado o livro de contos "O disco".

terça-feira, 25 de março de 2008

ENTRE O ALHO E O SAL, BOAS PITADAS DE POESIA


Há sempre uma estrada em nossa frente. Seguir? Sumir? Sair? Nem sempre podemos eleger uma destas alternativas para resolver a briga com a vida, este relógio louco que nos persegue. Literatura serve para isso. Ai entra a genialidade de temperar a vida “Entre o alho e Sal”. E é isto que faz Lupeu Lacerda em seu livro de poesia. Uma poesia “Beat” a la Guinsberg, onde dá pra ver este guerreiro Cariri rasgar o mundo sem meias palavras, nem meias verdades. Ainda que existam verdades partidas ao meio, reconstruías. Remendadas. Neste livro não há uma escada para elucidar a inquietude do ser, há apenas uma fresta, uma faísca pronta para explodir, inquietar mais e mais, e além do mais. Lupeu implode o homem interior e reconstrói-se em cada verso com “Um grito novo para pendurar no pescoço do teu silêncio” Pura provocação para pesar no enorme saco dos puristas, das madames de poodles cor de rosa. Lupeu modela seus versos como quem faz um rock, ou como quem rola uma pedra ladeira abaixo. E saia de baixo quem não quiser beijar o chão.

É um livro de poesia? Sim! Um livro de boas amizades também. “os amigos estão loucos.../pegam deus, e embalam para presente/dão de presente a seus amigos. Assim cantando as suas amizades e sua cidade (que é o mundo disfarçado de cariri) e segue cidade adentro, vendo uma (“a cidade de concreto/desmorona/como um castelo de cartas/mal assombrado.” Segue com seus fantasmas, os exteriores e os interiores também, tudo projetado na fumaça de “cigarros acesos na impaciência/ de queimar o tempo.” O tempo é algo que anda pra frente, sempre. Sempre depressa, nos poemas “a noite não se acaba nunca/a noite é uma montanha mágica:/quando se pensa que chegou ao cume,/amanhece.” E do quintal arte da pra ver que “o Cariri/ é uma foto esverdeada/de um velho/e querido filme”. Projetado nas lentes amarelas dos óculos e tatuado num peito de quarenta e poucos janeiros bem contados nas veredas da poesia. Mais não é só de nostalgia que Lupeu tempera sua poesia. Há algumas pauladas de realidade, que lhe condimentam seus versos como estes: “depois que o dia nasce/ no sexto round/a cabeça bate na lona/ da realidade.” E é realmente impossível sair no fim do livro do jeito que entramos.Impossível mesmo é não temperar a leitura deste livro “Entre o Alho e o Sal”. E ler o homem cravado no livro.

Georgio Rios

Sábado, 22 de março de 2008 01:04 da madruga.

domingo, 16 de março de 2008

EVENTO

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quinta-feira, 13 de março de 2008

O TEMPO DE RENATA...

"Naquela madrugada, ela quis perguntar sobre os outros segredos do mundo, mas não se atreveu. Sua descoberta já era bastante para toda uma vida. Além do mais, se lhe fizessem tal questionamento , por acaso, diria a verdade? Preferiu continuar contemplando a janela. E foi tomada por um silêncio, um silêncio tão profundo, que quase esqueceu o que acabara de viver".
RENATA BELMONTE nasceu em 13/03/1982. É advogada e contista. Tem publicado Femininamente (2003, prêmio Braskem Cultura e Arte) e O que não pode ser (2006, prêmio Projeto de Arte e Cultura Banco Capital). Trecho extraído do conto "O tempo das coisas", publicado na antologia Outras Moradas (2007, Banco Capital). Blog: www.vestigiosdasenhoritab.blogspot.com.

terça-feira, 11 de março de 2008

DA EQUIPE "ENTRE ASPAS"...

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terça-feira, 4 de março de 2008

RECITAL


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domingo, 2 de março de 2008

HOLOMETABÓLICA

lagarta

largata

largada

larga a casa

ganha asa

azar de quem não gosta


A.CAFÉ-GALLO (1967) é professora e poeta. Poema originalmente postado no blog Contramão (mgallo.zip.net) em 18/06/2006.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

ESQUISITOS

Os pés, as mãos, os joelhos, o nariz
tudo é tão esquisito nela.
Os polegares pequenos
dificultam o entremear dos fios.
O corpo verga-se facilmente,
embora os ossos não suportem
que carregue a mala.
Infantil e invertido,
o útero jamais se contrai.
Mas a criança nasceu,
desfazendo a profecia.

Foi cega,
louca,
vidente,
suicida.
Um dia, decidiu tomar a pena
e escrever outras histórias
mais estranhas ainda.

Quando o homem chegou naquela tarde
e retirou-lhe o véu,
ele era tudo o que queria:
poeta, maduro, viril.
E ela soube que seria dele.
E ela soube que seria dela.
E ela soube que seriam sós.


MÔNICA MENEZES. Poetisa sergipana radicada em Salvador

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

FENDAS

Eu não sou eu

eu sou o outro

o ouro que entristece os dentes

Eu sou um sopro

A faca que vomita

as tripas

eu sou um gozo...

o ar

a voz

O osso

EDSON OLIVEIRA DA SILVA reside em Santo Estevão - BA. Cumpre mestrado em literatura e diversidade cultural pela UEFS.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ACERTANDO A MÃO COM AS MICRO-IRONIAS

Em entrevista concedida a Mayrant Gallo, Wilson Gorj, que publicou recentemente seu primeiro livro, Sem contos longos, defende os minicontos e microcontos como gêneros promissores e capazes de se rivalizar com os “grandes” textos. Fala ainda de sua preferência pela leitura em detrimento da escritura e também de sua opção pela ironia, herança de suas leituras machadianas.

MAYRANT GALLO: Em julho você completará 31 anos... Quantos de literatura? E como tudo começou? Quais foram as suas motivações?
WILSON GORJ: Passei a interessar-me pelos livros por volta dos 18 anos. No meu caso, o hábito da leitura nasceu, precisamente, de um clássico: O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, livro que me iniciou em definitivo no universo da literatura. Desde então não parei mais de ler. Várias obras já passaram debaixo dos meus olhos, das quais “pesquei” muita coisa que me serviu de aprendizado e estímulo. Pois a vontade de escrever surgiu logo no início desse contato com os livros. Minhas leituras, portanto, serviram, e continuam servindo, para aprimorar e lapidar minha escrita. De uns tempos pra cá, parece que tem começado a dar resultado. Já ganhei alguns prêmios literários aqui na minha região, participei de antologias e, recentemente, lancei meu primeiro livro, o Sem Contos Longos.

MG: Você é mais tempo escritor ou leitor? O que prefere: ler ou escrever? Jorge Luis Borges preferia ler. Já Camilo José Cela disse certa vez que com o tempo o escritor sufocou o leitor... O que acha disso?
WG: Considero-me mais capacitado como leitor. Estou com Borges: orgulho-me mais dos livros que leio. Até gostaria de escrever todo dia, encher laudas e laudas com meus textos. Mas não é assim que acontece comigo. Costumo anotar num caderno as idéias e os esboços das histórias que me ocorrem. O processo de lapidação vem depois; às vezes, demora semanas até que eu consiga dar a esses rascunhos um acabamento satisfatório. Com o tempo, o autor acaba descobrindo o seu próprio método de criação e através dele desenvolve sua obra.

MG: O que é ser escritor para você? O Wilson Gorj escritor interfere no Wilson Gorj cidadão? Ou você é daqueles escritores que separam muito bem as duas pessoas?
WG: Encaro o escritor como um artista. Também aqui entra em jogo a natureza e as peculiaridades de cada autor. Há quem veja nesse ofício uma ferramenta a favor da humanidade, ou, ainda, de um ideal, de uma convicção filosófica ou política. Não olho a literatura por esse prisma. Vejo-a mais como arte. Daí o meu fascínio pelas palavras –– a busca pelo ritmo, pela frase perfeita. Quanto a separar nossas facetas, podemos até conseguí-lo à vista dos outros, mas não aos nossos próprios olhos. O escritor sempre influirá no cidadão, e vice-versa.

MG: Seu livro de minicontos, Sem contos longos, é vazado de humor e ironia. Você sempre foi assim ou descobriu esta faceta com a criação literária?
WG: O humor devo à vida (aos familiares, amigos, quem sabe à minha natureza). Já a ironia, credito boa parte dela a Machado de Assis, autor que me influenciou muito. Portanto, casá-los (humor e ironia) às minhas histórias tem sido algo natural. Esse tipo de literatura, as micronarrativas, conquistou-me pra valer. Acho que nelas encontrei a minha praia. A bem da verdade, comecei a dedicar-me a esse gênero em resposta a prolixidade dos contos que antes escrevia. Eis aí umas das razões da escolha do título do meu livro. É como se eu dissesse para mim mesmo: “Chega de contos longos!” O que não quer dizer que eu não os aprecie. Embora prefira romances, de vez em quando mergulho num livro de contos. Mas, quanto a escrevê-los, ao menos por ora, pretendo continuar assim: modelando-os em miniatura. Tem sido mais fácil de acertar a mão.

MG: Este é seu primeiro livro? Como ele surgiu? Você o projetou ou os contos foram acontecendo espontaneamente?
WG: Sim, é o primeiro. A idéia de publicá-lo resultou de uma parceria: uma iniciativa minha e do professor Alexandre M. L. Barbosa, diretor-proprietário do jornal O Lince, no qual publico, mensalmente, os meus minicontos. Boa parte dos que estão presentes no livro Sem Contos Longos foi escrita, inicialmente, para figurar no jornal. Outros minicontos derivaram de um regime a que submeti alguns velhos contos meus, então obesos de palavras. Outra parte, porém, eu já havia escrito bem antes de conhecer o gênero.

MG: Muitos consideram o miniconto ou microconto um argumento não desenvolvido... Há autores, porém, que os defendem como um gênero à parte, mistura de conto, piada e poesia. Qual a sua opinião?
WG: Acho que a literatura não perde nada com os micro ou minicontos. Pelo contrário: eles estão a enriquecendo, angariando mais pessoas para o hábito da leitura. Muitos já procuraram defini-los; alguns até subestimam o seu valor literário. Quanto a mim, o que penso a respeito é bem simples: não é o tamanho, mas a qualidade que eleva um texto. Atualmente, têm-se produzido micronarrativas nas quais não faltam os atributos que encontramos nos grandes textos.

MG: Dalton Trevisan também migrou dos contos mais longos para os minicontos, enfeixados em Pico na veia e em outros livros. E também exercitando o humor e a ironia. Ele foi uma influência para você?
WG: Antes do meu livro, não. Na verdade, já havia lido O vampiro de Curitiba, mas foi só depois de publicar o Sem Contos Longos que me interessei pelos consagrados minicontos do Dalton (no meu caso, os contidos nos livros Ah, é? e 234). Ainda pretendo ler outros dois: o referido Pico na veia e o Arara bêbada.

MG: Como é a vida literária em Aparecida? Os escritores se encontram em livrarias ou sebos? Costumam se reunir, trocar idéias, se auxiliar? Há eventos de leitura? Ou todos criam em solidão e não se lêem uns aos outros?
WG: Dizer que é intensa seria uma grande mentira. Mas não posso afirmar o contrário. Provavelmente há aqui autores que eu desconheça e que, talvez, se relacionem. Quanto à troca de idéias e apoios, começo a usufruir disso agora, com a publicação do meu livro. Tenho mantido contato com autores da região, em sua maioria poetas. Próximo daqui, em Guaratinguetá, conheço dois bistrôs onde pessoas se encontram para ouvir boa música e declamarem poemas de amigos e de outros poetas.

MG: Podemos dizer então que você estreou relativamente tarde, aos trinta anos... Quais são os seus projetos literários? Algum livro em vista? E os engavetados, há alguma salvação para eles?
WG: Um pouco tarde, mas nem tanto. Muitos escritores estrearam depois dos trinta. Contudo, isso não diz nada. Até porque o que faz a diferença é a qualidade do livro, não importando se o autor tenha vinte, trinta ou cinqüenta anos. Aliás, há autores que desprezam seu livro de estréia, justamente com a desculpa de que eram muito novos e inexperientes. Para mim, o Sem Contos longos veio num momento oportuno. Já tinha visto textos meus publicados em antologias, mas isso não supera a satisfação de ter nas mãos um livro só meu. Satisfação que quero ver repetida muito em breve. Talvez ao fim deste ano, ou talvez no começo de 2009, eu publique mais um livro de minicontos. Material para tanto não me falta. Porém, dessa vez, quero produzir ainda mais, com vistas a ter maior opção de escolha e assim obter uma publicação de mais qualidade. Muitos textos ficaram “engavetados” após terem sido descartados deste meu primeiro livro. Quem sabe alguns deles tenham vez no próximo.

MG: Que livro você recomendaria como fundamental para a formação de qualquer escritor? E por quê?
WG: Pergunta complicada. No meu conceito, cada leitor tem o autor que merece. De modo que os meus escritores prediletos podem não surtir nenhum efeito criativo ou motivador a outros aspirantes. Tudo dependerá do que e de como se pretende escrever. Certo é que, em cada gênero e categoria literários, há livros e escritores dignos de se espelhar. Para mim, foram fundamentais as obras de Machado de Assis. Contudo, poderia citar muitos outros, pois, para chegar aos contos curtos, tive de percorrer antes uma longa lista de autores. Todos, de certa forma, influenciaram na minha formação.

MG: Que texto de Machado de Assis é o seu preferido? Aquele que você, se começar a ler, não pára mais ou que gostaria de ter escrito... Defina-o ou qualifique-o numa única frase.
WG: Antes, preciso confessar que há tempos não leio nada do “Bruxo do Cosme Velho”. Mas dele já li todos os romances e dezenas de contos, dos quais muitos eu gostaria de ter escrito. Desses cito apenas os que me vem à lembrança: A cartomante, Uns braços, Trio em lá menor, Cantiga de esponsais, Quem conta um conto... Machado de Assis é um escritor universal, um mestre para quem pretende aprender a arte de contar histórias em grande estilo.


WILSON GORJ nasceu em 1977, em Aparecida, SP. Mais de e sobre WG em: omuroeoutraspgs.blogspot.com

MAYRANT GALLO é escritor e mora em Salvador, BA. Publicou O inédito de Kafka (CosacNaify, 2003).


O CENTÉSIMO CONTO DOS SEM CONTOS LONGOS

Deus finalmente resolveu tirar umas férias.

Sendo assim, ao partir em viagem, delegou o comando do Universo a São Francisco, a quem também confiou a responsabilidade de Sua Onipotência.

Eras depois, findo o período de recesso, Deus retornou sem avisar.

Dentre as inovações que percebera no Céu, a que mais lhe chamou a atenção foi a cessação dos gemidos que antes, interminavelmente, subiam do Inferno.

Mal desfez as malas, desceu para lá voando, a fim de averiguar o que tinha acontecido em sua ausência.

Mas qual não foi a sua surpresa ao presenciar as mudanças implantadas ali!

Movido por uma compaixão sem limites, o Santo Piedoso havia transformado o Inferno em um novo Paraíso.

A Deus não restou outra escolha senão fechar as portas do Céu e também se mudar para lá.


WILSON GORJ. In: Sem contos longos. Aparecida: Edição do Autor, 2007.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

DOS ABISMOS DA SECA

Zuuuuum. O televisor me irrita. É F1, é novela, é big bróder. Zuuummm. Eu pareço o homem e ele, a mulher, fissurada na novela.
- Pega ali um chá pra mim, amor? Hm. Obrigada.
Hoje estamos secos, nada de manga rosa nem de doces. Poderíamos sair pelo verão, correr na praia, qualquer coisa, mas hoje estamos secos e então tu gruda na novela. E eu, no meu outro eu.
KATHERINE FUNKE é jornalista e escritora. Mantém o blog notas mínimas(www.notaminimas.blogspot.com)

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

SOBRE UM CERTO TRONO...

"Quando Rosalina partiu, Belisário colocou a cadeira debaixo da árvore. Tinha pouco mais de trinta anos. Sua expressão era de boi impassível. Sabia que Rosalina voltaria; sabia que os ventos de maio ou as tempestades de areia de agosto a trariam de volta".
ELIESER CESAR(1960) é natural de Euclides da Cunha – BA. É poeta, ficcionista, jornalista e professor universitário. Trecho extraído de "O Trono do Desenganado", conto publicado no livro A Garota do Outdoor (contos, 2006).

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

4 BEATS

Lançamento coletivo em Petrolina-PE, junta 4 Escritores lançando seus livros:

TRABALHOS DO CORPO- Sandro Ornellas

ENTRE O ALHO E O SAL-Lupeu Lacerda

O AMOR É UMA COISA FEIA-Gustavo Rios

CORAÇÕES BLUES E SERPENTINAS-
Lima Trindade

LOCAL :LIVARIA OFFICIUM-RIVER SHOPPING

DIA: 11/01/2008(SEXTA -FEIRA) 18:00 hrs

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

PARA COMEÇAR 2008...

L’AFFAIRE

Na véspera de Ano Novo
Abandonou a família
(esposa, três filhos e sogra)
Instalou-se num quarto de hotel
E chamou a namorada.

Ela, dezenove anos
Ele, trinta e sete.
As idades que os jornais divulgaram
No dia seguinte...

MAYRANT GALLO. Poeta e contista. O poema acima integra o livro inédito Os prazeres e os crimes.