Os pés, as mãos, os joelhos, o nariz
tudo é tão esquisito nela.
Os polegares pequenos
dificultam o entremear dos fios.
O corpo verga-se facilmente,
embora os ossos não suportem
que carregue a mala.
Infantil e invertido,
o útero jamais se contrai.
Mas a criança nasceu,
desfazendo a profecia.
Foi cega,
louca,
vidente,
suicida.
Um dia, decidiu tomar a pena
e escrever outras histórias
mais estranhas ainda.
Quando o homem chegou naquela tarde
e retirou-lhe o véu,
ele era tudo o que queria:
poeta, maduro, viril.
E ela soube que seria dele.
E ela soube que seria dela.
E ela soube que seriam sós.
MÔNICA MENEZES. Poetisa sergipana radicada em Salvador