A calcinha estendida no quintal
de uma brancura insípida
é uma calcinha de menina.
A calcinha de menina no quintal
era o que restava
da menina,
das formas da menina.
PAULO ANDRÉ (1978). Mora em Picado. Co-editor do Blog. Poema originalmente postado no blog Contramão (mgallo.zip.net) em 01/09/2006.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
UM POEMA DE KÁTIA BORGES
O PEQUENO HITLER
A verdade é uma só:
todo mundo traz o menino de Branau
confinado dentro de si
em um bunker imaginário.
E todo sonho que temos,
seja entrar para a academia de artes,
ou possuir a espada de Longino,
é o marido de Eva Braun,
o arquiteto do caos,
que queima em nosso peito.
Pois também ele sonhou
na abadia de Lambach,
servir a Deus e ser bom.
E todo sonho que temos,
seja planejar uma cidade
ou comandar um exército,
é o dono do cão Blondi,
o filho de Klara e Alois,
que ruge dentro de nós.
Pois ele também sonhou
certa tarde no Museu de Hofburg
ter a lâmina da vida nas mãos.
E todo sonho que temos,
seja eternizar-se na memória
ou liderar uma nação,
é o plagiador de Blavatsky,
o falsificador de Nietzsche,
o criador de Treblinka
e de Auschwitz-Birkenau,
que grita dentro de nós.
A verdade é uma só:
todo mundo traz o menino de Branau
confinado dentro de si
em um bunker imaginário.
E todo sonho que temos,
seja entrar para a academia de artes,
ou possuir a espada de Longino,
é o marido de Eva Braun,
o arquiteto do caos,
que queima em nosso peito.
Pois também ele sonhou
na abadia de Lambach,
servir a Deus e ser bom.
E todo sonho que temos,
seja planejar uma cidade
ou comandar um exército,
é o dono do cão Blondi,
o filho de Klara e Alois,
que ruge dentro de nós.
Pois ele também sonhou
certa tarde no Museu de Hofburg
ter a lâmina da vida nas mãos.
E todo sonho que temos,
seja eternizar-se na memória
ou liderar uma nação,
é o plagiador de Blavatsky,
o falsificador de Nietzsche,
o criador de Treblinka
e de Auschwitz-Birkenau,
que grita dentro de nós.
KÁTIA BORGES (1968) é jornalista, poeta e contista. Tem publicado DE VOLTA À CAIXA DE ABELHAS(poemas, 2002). Participou das coletâneas SETE CANTARES DE AMIGOS (2003) e CONCERTO LÍRICO A QUINZE VOZES (2004). Tem poemas e contos publicados na revista Iararana (números 1 e 5). Mais textos da autora no endereço www.mmeka.blogspot.com.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
UMA BREVE COLETÂNEA...
INSTANTÂNEO
Um ponto qualquer do papel
é mar onde singra o poema.
Pena que nem sempre vê,
se sente ou se escuta o sopro.
Verde vereda
Verdade.
Um convite à folha branca.
TOTÊMICO
P/ Mayrant Gallo
Somos tantos,
e ante o totem atendemos.
Timidamente
tontos,
intimimamente
tempo...
MIRAGEM
Os olhos oblíquos
da cadela:
a sombra do filho
que não veio.
GEORGIO SILVA(1981) é natural de Riachão do Jacuípe. Músico, estuda letras com espanhol na Uefs. É casado e tem pronto o livro "O Menino em Mim". Co-editor do blog.
Um ponto qualquer do papel
é mar onde singra o poema.
Pena que nem sempre vê,
se sente ou se escuta o sopro.
Verde vereda
Verdade.
Um convite à folha branca.
TOTÊMICO
P/ Mayrant Gallo
Somos tantos,
e ante o totem atendemos.
Timidamente
tontos,
intimimamente
tempo...
MIRAGEM
Os olhos oblíquos
da cadela:
a sombra do filho
que não veio.
GEORGIO SILVA(1981) é natural de Riachão do Jacuípe. Músico, estuda letras com espanhol na Uefs. É casado e tem pronto o livro "O Menino em Mim". Co-editor do blog.
domingo, 2 de dezembro de 2007
NÃO ME FAÇA LER ESTE POEMA
Não me faça ler este poema
cheio de frases secretas
e de tanta inteligência.
Não me obrigue a ler o verso
que algum filósofo sustenta
para me salvar da inércia.
Seja para mim mero poeta
de olhar o horizonte todo um dia
e me convidar a sentar ao cais.
E, então, faça do seu livro um barco,
do poema velas e mastros
e deixe-me soprar.
MARCUS VINÍCIUS RODRIGUES é escritor, advogado e professor. Publicou PEQUENO INVENTÁRIO DAS AUSÊNCIAS (Fundação Jorge Amado/Brasken 2001). Participou das coletâneas CONCERTO LÍRICO A QUINZE VOZES (Aboio Livre, 2004), OUTROS POEMAS DE QUE FALEI (Banco Capital, 2004), e OUTRAS MORADAS (Banco Capital, 2007). Poema extraído da coletânea TANTA POESIA (Banco Capital, 2006).
cheio de frases secretas
e de tanta inteligência.
Não me obrigue a ler o verso
que algum filósofo sustenta
para me salvar da inércia.
Seja para mim mero poeta
de olhar o horizonte todo um dia
e me convidar a sentar ao cais.
E, então, faça do seu livro um barco,
do poema velas e mastros
e deixe-me soprar.
MARCUS VINÍCIUS RODRIGUES é escritor, advogado e professor. Publicou PEQUENO INVENTÁRIO DAS AUSÊNCIAS (Fundação Jorge Amado/Brasken 2001). Participou das coletâneas CONCERTO LÍRICO A QUINZE VOZES (Aboio Livre, 2004), OUTROS POEMAS DE QUE FALEI (Banco Capital, 2004), e OUTRAS MORADAS (Banco Capital, 2007). Poema extraído da coletânea TANTA POESIA (Banco Capital, 2006).
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