Os pés, as mãos, os joelhos, o nariz
tudo é tão esquisito nela.
Os polegares pequenos
dificultam o entremear dos fios.
O corpo verga-se facilmente,
embora os ossos não suportem
que carregue a mala.
Infantil e invertido,
o útero jamais se contrai.
Mas a criança nasceu,
desfazendo a profecia.
Foi cega,
louca,
vidente,
suicida.
Um dia, decidiu tomar a pena
e escrever outras histórias
mais estranhas ainda.
Quando o homem chegou naquela tarde
e retirou-lhe o véu,
ele era tudo o que queria:
poeta, maduro, viril.
E ela soube que seria dele.
E ela soube que seria dela.
E ela soube que seriam sós.
MÔNICA MENEZES. Poetisa sergipana radicada em Salvador
10 comentários:
Lindíssimo, Mônica! Este poema me fez ganhar a tarde! Um grande abraço, Ângela Vilma.
Vc escreve que é uma COISA. Chapa. Tem força e graça. Lindo mesmo.
bjs
Muito lindo! Adoro a Mônica!
Bjs
Muito bom.
Que poema forte, maduro, lírico, e que fala em todos os nossos sentidos... Parabéns, mulher que (também) voa!
Obrigada a todos. Beijos, Mônica
Mônica tem uma escrita leve e envolvente. Feito um laço. Abr. (carlos)
Oi, Mõnica, belo poema, como todos os outros de sua autoria que já li. Beijos
Uma beleza, Mônica! Gostei. Beijos
Que bonito, Mônica! E forte (ai, como sou delicado...)!
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