DE RUY ESPINHEIRA FILHO
O prefeito soube pelo seu chefe de gabinete.
– Visagem? – perguntou o Dr. Fulgêncio.
– Sim, doutor.
– E em pleno dia? Ora, bobagem tem limite!
– Se é bobagem, é das grandes, doutor: me disseram que há um mundo de gente enchendo a Rua da Areia!
– É, tudo pode acontecer mesmo nesta vida, até visagem em pleno sol!
Bom, ele iria verificar. Fechou o volume que estava lendo, do seu colega de Medicina Anton Tchekov, e saiu. A Delegacia ficava no caminho, ele entrou. O tenente Evandival folheava uma revista velha e não sabia de nada.
– Uma visagem, doutor?!
– Foi o que o atrapalhado do Alcides me disse.
– Essa gente acredita em qualquer coisa.
– O homem só evolui na tecnologia, tenente. No resto, é o mesmo dos tempos de Adão.
– É, doutor... Vai ver, é algum palhaço de perna-de-pau anunciando circo.
– Espero que sim, estamos mesmo precisando de divertimento por aqui. Mas não duvido de que possa ser mesmo uma visagem.
– E o senhor acredita nessas coisas, doutor?!
– Não é questão de eu acreditar ou não, mas de se acreditar. Havendo quem acredite, sempre haverá... Talvez a única atitude sábia seja nunca duvidar de nada na vida, tenente. Porque ela é feita de alucinações sem fim, talvez até um pouco mais em Rio da Lua.
– Será mesmo, doutor?
– Não duvide, tenente.
O prefeito soube pelo seu chefe de gabinete.
– Visagem? – perguntou o Dr. Fulgêncio.
– Sim, doutor.
– E em pleno dia? Ora, bobagem tem limite!
– Se é bobagem, é das grandes, doutor: me disseram que há um mundo de gente enchendo a Rua da Areia!
– É, tudo pode acontecer mesmo nesta vida, até visagem em pleno sol!
Bom, ele iria verificar. Fechou o volume que estava lendo, do seu colega de Medicina Anton Tchekov, e saiu. A Delegacia ficava no caminho, ele entrou. O tenente Evandival folheava uma revista velha e não sabia de nada.
– Uma visagem, doutor?!
– Foi o que o atrapalhado do Alcides me disse.
– Essa gente acredita em qualquer coisa.
– O homem só evolui na tecnologia, tenente. No resto, é o mesmo dos tempos de Adão.
– É, doutor... Vai ver, é algum palhaço de perna-de-pau anunciando circo.
– Espero que sim, estamos mesmo precisando de divertimento por aqui. Mas não duvido de que possa ser mesmo uma visagem.
– E o senhor acredita nessas coisas, doutor?!
– Não é questão de eu acreditar ou não, mas de se acreditar. Havendo quem acredite, sempre haverá... Talvez a única atitude sábia seja nunca duvidar de nada na vida, tenente. Porque ela é feita de alucinações sem fim, talvez até um pouco mais em Rio da Lua.
– Será mesmo, doutor?
– Não duvide, tenente.
3 comentários:
Ah, esse trecho é muito convidativo... Parabéns, Ruy.
O Ruy é um dos nossos maiores poetas. Abração.
Ruy é um dos melhores escritores baiano.
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