terça-feira, 29 de abril de 2008

[sem título]

"Parece-me que sempre serei feliz
no lugar onde não estou" (Charles Baudelaire)



depois de tudo, concluo que
um dia preciso me trancar
em casa e não ver mais ninguém:
seis anos de reclusão, obrigada

então uso a rede como remédio
e me esqueço, entregue
à indiferenciação entre as coisas:
diluída e inerte na massa física do mundo

saio e, pela janela do carro, olho
e me vejo refletida no espelho:
estarei para sempre limitada
ao território do corpo em movimento


KATHERINE FUNKE é jornalista e escritora. Mantém o blog notas mínimas(notasminimas.blogspot.com)

5 comentários:

sandro so disse...

katherine em poesia é diferente da katherine em prosa. aqui, consigo; lá, com o outro. e, engraçado, me parece querer ser mais sintética na prosa. o importante é que gostei. ponto.

Lima disse...

eu também curti muito este poema, principalmente o belo fecho, a limitação que é também infinitude, a estabilidade na e da mudança, o movimento... maravilha, Kath!

Anônimo disse...

Belo poema!

Kátia Borges disse...

Boa surpresa! Nova? Há outros? Onde estão?

anjobaldio disse...

Também quero ler mais!