sexta-feira, 20 de abril de 2007

Com a Palavra...


CARLOS BARBOSA

1) Por que você escreve?

Escrevo para ludibriar a morte. Tento distraí-la com minhas patacoadas.


2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Gostaria de escrever a biografia romanceada de Zequinha Barreto, guerrilheiro morto no sertão da Bahia ao lado do ex-capitão Carlos Lamarca. Considero Zequinha Barreto personagem-símbolo do jovem brasileiro que viveu sob os tacões da ditadura militar. Zequinha foi seminarista, militar, estudante secundarista, metalúrgico, violonista, compositor, dirigente estudantil e sindicalista, militante partidário, agitador grevista, prisioneiro, tornou-se clandestino, guerrilheiro, um sujeito arretado, um nordestino-sertanejo falante de pelo menos duas línguas estrangeiras, um baiano da gema apreciador de música e uma boa farra. Tenho esse projeto literário alinhavado, mas as dificuldades de execução não são poucas. Depende de viagens a vários estados da federação, dezenas de entrevistas, pesquisa em arquivos diversos etc etc, que representam um custo financeiro que não posso bancar. A história de Zequinha é riquíssima em aventuras e grandiosidade humana. Espero um dia reunir condições para escrevê-la. Por enquanto, satisfaço-me em colocar como pano de fundo de meu novo romance, "Beira de rio, correnteza", os dias em que os agentes da ditadura perseguiram Zequinha e Lamarca nas beiradas do rio São Francisco.

Carlos Barbosa (1958) é escritor, jornalista e advogado. Natural de Ibotirama – BA. Tem publicado Água de Cacimba (poemas, 1998) e A Dama do Velho Chico (romance, 2002). Mais textos do autor nos endereços miniconto.zip.net e contosempre.zip.net.


2 comentários:

Anônimo disse...

Meus caros, não me lembrava mais assim, de cara limpa, um espanto. Espero que os frequentadores do "EntreAspas" não se afastem do blog por motivo justificado de susto e aversão ao "espanta-mosca". Abr. e vamos rompendo. Carlos Barbosa

Anônimo disse...

gostei da entrevista e de conhecer este escritor.
Muito boas idéias...valeu