PAI
  I
  Nas noites de chuva não dormia
  indo sempre à cozinha
  prever a fúria do rio.
  Que fúria que nada
  O rio gafanhoto nos adormecia
  sem entrar na cozinha.
  Mas ele não dormia e velava
  o nosso sono e o sono do rio
  Pai
II
  Insistiu que eu escrevesse
  sua biografia.
  Ditou fatos importantes
  fundações, sofrimentos,
  descobertas.
  Insistiu que eu fizesse
  registrada sua vida.
  Era preciso, quase dizia,
  que tantos outros  soubessem
  os feitos, as lutas,
  os dias.
  Insistiu que eu escrevesse
  na minha letra de infância,
  perdida para sempre
   em meio a sua biografia.
Ângela Vilma é poeta, contista e professora. Nasceu em Andaraí-Ba (1967). Aos 22 anos, publicou o seu primeiro livro de poesia, Beira-Vida, ainda morando em Andaraí. Seguindo com Poemas Escritos na Pedra (1994). Participou da coletânea Sete Faces (1996), juntamente com seis poetisas, amigas e colegas da Universidade. No período de 1997 a 1999, foi uma dos coordenadores das publicações literárias do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Feira de Santana. Também participou das coletâneas Concerto lírico a quinze vozes (2004) e Tanta Poesia (2006). 
5 comentários:
Obrigada, meninos, pela homenagem. Adorei! Um abraço, Ângela.
Os poemas de Ângela são sempre tão tocantes...
Nutro uma enorme admiração pelo trabalho de Ângela. Parabéns pela iniciativa!
Abraços,
Renata Belmonte
Com Ângela Vilma, poesia de valor é como areia: abundantemente...
gostei dos teus contos-poemas...dos encadeamentos livres e sinceros de poesias
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