sábado, 7 de abril de 2007

"Perfil"

PAI
I
Nas noites de chuva não dormia
indo sempre à cozinha
prever a fúria do rio.
Que fúria que nada
O rio gafanhoto nos adormecia
sem entrar na cozinha.
Mas ele não dormia e velava
o nosso sono e o sono do rio




Pai
II
Insistiu que eu escrevesse
sua biografia.
Ditou fatos importantes
fundações, sofrimentos,
descobertas.
Insistiu que eu fizesse
registrada sua vida.
Era preciso, quase dizia,
que tantos outros soubessem
os feitos, as lutas,
os dias.
Insistiu que eu escrevesse
na minha letra de infância,
perdida para sempre
em meio a sua biografia.


Ângela Vilma é poeta, contista e professora. Nasceu em Andaraí-Ba (1967). Aos 22 anos, publicou o seu primeiro livro de poesia, Beira-Vida, ainda morando em Andaraí. Seguindo com Poemas Escritos na Pedra (1994). Participou da coletânea Sete Faces (1996), juntamente com seis poetisas, amigas e colegas da Universidade. No período de 1997 a 1999, foi uma dos coordenadores das publicações literárias do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Feira de Santana. Também participou das coletâneas Concerto lírico a quinze vozes (2004) e Tanta Poesia (2006).

5 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada, meninos, pela homenagem. Adorei! Um abraço, Ângela.

Anônimo disse...

Os poemas de Ângela são sempre tão tocantes...

Anônimo disse...

Nutro uma enorme admiração pelo trabalho de Ângela. Parabéns pela iniciativa!
Abraços,
Renata Belmonte

Anônimo disse...

Com Ângela Vilma, poesia de valor é como areia: abundantemente...

Anônimo disse...

gostei dos teus contos-poemas...dos encadeamentos livres e sinceros de poesias