segunda-feira, 21 de maio de 2007

"Perfil" (6)

PAZ

Invento a paz: panos brancos nas janelas.
Os burgueses da pensão estranham - canto.
Eu, que nunca cantei.

Atendo no balcão os mortos todos,
procurando achados e perdidos.

E vivo. Eu,
que nunca ousei.

O luto, que cobriu de negro
este quarto, hoje é passado.
Enterrado no quintal dos fundos.

Que as crianças entrem e desarrumem tudo,
rasgando em algazarra meus retratos.


Kátia Borges (1968) é jornalista, poeta e contista. Tem publicado De volta à Caixa de Abelhas (poemas, 2002). Participou das coletâneas Sete cantares de amigos (2003) e Concerto lírico a quinze vozes (2004). Tem poemas e contos publicados na revista Iararana (números 1 e 5). Mais textos da autora no endereço www.mmeka.blogspot.com.

5 comentários:

Anônimo disse...

Um belo e maravilhosamente lírico poema. KB é uma das melhores poetisas do Brasil... Congratulações à revista pela escolha.

Anônimo disse...

Concordo com Mayrant: Kátia Borges é uma das melhores poetisas da contemporaneidade. O lirismo de sua poesia nos reconcilia com a vida...
Parabéns, Kátia, belíssimo poema!
Abraços, Ângela Vilma.

Anônimo disse...

Tão sensível, Kátia, o teu poema. Beijo, Mônica

Anônimo disse...

Adorei!
Beijo.

Anônimo disse...

Que poema LINDO!
Adorei!
Beijos,
Renata