CENA DE RUA
À moda de Manuel Bandeira
dez horas da manhã
um homem arrasta-se na calçada
em frente ao prédio da reitoria
de cócoras
defeca
limpa-se com a mão direita
que esfrega em seguida numa poça d’água
no instante seguinte
o sinal abre para os carros
que fecham a cortina
do humano e breve espetáculo
POEMA EM NOVE GOTAS
Sexta
riacho não corre mais para o rio
rio não bate mais no meio do mar
o mar estranho
estende sua língua salgada
aos pés da cachoeira
e a terra capoeira
estala
esterilizada
MUNDO DESNUDO
a solidão do mundo
recolhida ao peito
as lágrimas do mundo
vertidas no leito
assim o amor se faz chicote
desnudo
perde-se entre lembretes presos à geladeira
Carlos Barbosa, nascido em 17 de Maio de 1958, é escritor, jornalista e advogado. Natural de Ibotirama – BA. Tem publicado Água de Cacimba (poemas, 1998) e A Dama do Velho Chico (romance, 2002). Poemas extraídos de Matalotagem e outros poemas da viagem(poemas, 2006). Mais textos do autor nos endereços miniconto.zip.net e contosempre.zip.net.
4 comentários:
Parabéns, meu querido amigo, pela poesia e pelo aniversário! Esta é uma bela página - que homenageia você e todos nós. Saudades, Ângela.
Bela escolha dos poemas! Belo dia!
Parabéns (pelos dois).
Beijo, Dani.
Meninos, grato pela homenagem. Grato pelos parabéns. Evoé, Baco! Um abraço a todos. Carlos Barbosa
Belíssimos poemas, especialmente o primeiro. A verdadeira arte da poesia envolve a realidade, e a essência da realidade, expressa em palavras. Parabéns.
Postar um comentário