1) Por que você escreve?
Escrevo porque sou inspirado. Ou porque, dito de outra forma, sinto, com uma freqüência e uma intensidade incomuns, algo como uma falta. Algo que me altera, inquieta, me move e que me impele, muitas vezes de forma irresistível, a criar. Aí, a sensação muitas vezes é de preenchimento e expansão dessa falta, tudo ao mesmo tempo. O resultado são vários desenhos e uma média de quatrocentos poemas por ano, afora incursões, que não são raras, por outras formas de criação: a canção, o texto ficcional, a produção teórica. Dessa busca resultam – como satisfação parcial, provisória – apenas algumas obras mais bem acabadas que não somam, ao final de cada ano, mais que duas ou três dezenas. Sem elas, no entanto, me sentiria privado, para usar as palavras de Nietzsche, da inigualável alegria de criar, e restariam apenas o vazio e o amargor existencial diante das várias tentativas malogradas. Escrevo, portanto, simplesmente para poder ser, para poder continuar sendo, para matar aquele que é o pior tipo de morte: a morte do sentido, a queda pavorosa, e ainda em vida, no vazio abissal do não-ser.
Escrevo porque sou inspirado. Ou porque, dito de outra forma, sinto, com uma freqüência e uma intensidade incomuns, algo como uma falta. Algo que me altera, inquieta, me move e que me impele, muitas vezes de forma irresistível, a criar. Aí, a sensação muitas vezes é de preenchimento e expansão dessa falta, tudo ao mesmo tempo. O resultado são vários desenhos e uma média de quatrocentos poemas por ano, afora incursões, que não são raras, por outras formas de criação: a canção, o texto ficcional, a produção teórica. Dessa busca resultam – como satisfação parcial, provisória – apenas algumas obras mais bem acabadas que não somam, ao final de cada ano, mais que duas ou três dezenas. Sem elas, no entanto, me sentiria privado, para usar as palavras de Nietzsche, da inigualável alegria de criar, e restariam apenas o vazio e o amargor existencial diante das várias tentativas malogradas. Escrevo, portanto, simplesmente para poder ser, para poder continuar sendo, para matar aquele que é o pior tipo de morte: a morte do sentido, a queda pavorosa, e ainda em vida, no vazio abissal do não-ser.
2) O que você gostaria de escrever e por quê?
O que eu gostaria de escrever é o que nunca vou poder escrever. É a obra impossível. Impossível e no entanto iminente – toda vez que me lanço, por exemplo, a realizar um poema. Isto é paradoxal, pois é graças a essa impossibilidade constitutiva, e como que atraído por uma miragem, que o criador realiza o sentido de sua vida e torna concreto um conjunto de obras. Portanto, em aparente contradição com o que afirmo inicialmente, o que eu gostaria de escrever termina sendo o que consigo escrever. O que quero dizer ainda é que, sob determinado ponto de vista, vale mais a aventura que seus frutos, que a justificam e são por ela justificados. Na verdade, o que importa a um escritor é sobretudo escrever, poder estar em disposição para escrever e propiciar as condições de fazê-lo, permanecendo fiel a si mesmo e dando o máximo de si. O restante, a sua obra – que é o que a todos mais interessa – fica por conta do Tempo, este deus caprichoso e cheio de mistérios, que a assumirá ou não em seu corpo: a História.
ROBERVAL PEREYR(1953) é natural de Umburanas – BA. Reside desde 1964 em Feira de Santana, onde foi co-fundador da Revista Hera, que vem dirigindo desde o seu número 3 (1973), quase sempre em parceria. Criou ainda outras publicações literárias (em Feira e em Campinas – SP). Classificado em vários festivais de música, em parceria com Márcio Pazin e Carol Pereyr (o mais recente foi o Nono Prêmio Visa da Música Brasileira, 2006). Ganhador de vários prêmios literários, tem dez livros publicados, nove deles de poesia, com destaque para Amálgama – Nas praias do avesso e poesia anterior (2004). Doutor em Letras e Professor Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Um comentário:
Nada como ser e viver inspirado!! É isso aí, caro multi-artista!! Vamos sempre em frente criando, seja para onde for...
Diria mais: viver ispirado é viver poesia...
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