A Carolina Machado e Gustavo Rios
Eu podia ser o dono de um bar.
Quem sabe assim não seria tão só,
sempre com alguém pra conversar,
filosofar e jogar dominó.
Venderia pinga, fósforo,
ficha pra sinuca e vitrola,
providenciaria pratos e copos,
falaria de jogo de bola.
E seria um tal de andar
de um lado a outro,
pra lá e pra cá,
anotando nos guardanapos
pedidos entre bate-papos.
Tarde da noite, mesmo cansado,
com o corpo em farrapos,
fumaria um baseado,
nos pés um pano de chão,
ou lenço na mão,
enxugando o balcão.
Depois das cartas e contas,
com a cabeça já tonta,
fecharia a casa
e abaixaria o som,
bom garçom.
Wladimir Cazé (1976) é jornalista e escritor. Começou a publicar literatura na internet em 2001, no e-zine K (ou K-zine). Junto com Patrick Brock, Delfin e Marcelo Benvenutti, é um dos fundadores da editora cooperativa Edições K, pela qual publicou dois livros: "A filha do Imperador que foi morta em Petrolina" (cordel, 2004) e "Microafetos" (poesia, 2005). Mantém o blog Silva horrida - Guia de cidades (www.silvahorrida.blogspot.com)
2 comentários:
Eu li esse poema no blog de Gustavo Rios (Cozinha do cão) e fiquei comovida... (lindo!) Que bom lê-lo de novo! Abraços.
Humor a toda prova. Gostei!
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