a serpente dos meus dedos
beija o rosto que mantenho
no sem fundo dos espelhos
onde a luta é meu desejo
a serpente dos meus dedos
cria mundos sem inícios
curvas sobre precipícios
duro pacto do difícil
a serpente dos meus dedos
no vislumbre de uma aurora
que anuncia a incerta hora
sobre si mesma se enrola
a serpente dos meus dedos
inaugura junto à vida
gritos danças alegrias
lancinantes dores frias
a serpente dos meus dedos
traz a força dos venenos
que com a noite correm lentos
e com o dia tornam denso
o meu corpo em combustão
SANDRO ORNELLAS (1971) nasceu em Brasília-DF e mora em Salvador-BA. Autor de Simulações (poemas, Fundação Casa de Jorge Amado, 1998) e Trabalhos do Corpo (poemas, Letra Capital, 2007). Escreve o blog "Simulador de Vôo" (simuladordevoo.blogspot.com).
3 comentários:
inquietante e tão vivo que incomoda. Tá lindo!
Este é um Sandro Ornelas que não conheço muito bem: mais formal. Mas, como o outro, nos mantém acesos, que é um dos atributos da poesia e do poeta...
Belíssimo!!
Postar um comentário