RECOMPENSAS
Foi ontem
Que aprendi a andar...
Hoje mesmo,
Pela manhã,
Que comecei a escrever...
Agora, à tarde,
O primeiro livro.
E mais tarde,
À noite,
O travo azedo
De ter sido.
O UNIVERSO
Olhei hoje
Uma mosca
Sobre o açúcar...
Olhei-a
Por longo tempo...
Estava morta.
Mas num dos olhos
Netuno...
E no outro
Vênus.
CÂMBIO
Trocamos continuamente
Os dias e os livros.
Trocamos quase tudo.
Até sorrisos.
E aperto de mãos
E olhares
E gritos.
A vida a isso resumida.
A uma troca infinita
Que expira.
POEMA SOLTO NO ESCURO
O lado vazio da cama
É a presença humana
Que mais atemoriza...
MAYRANT GALLO (1962). Contista e poeta. Autor de O inédito de Kafka (CosacNaify, 2003) e Recordações de Andar Exausto(Aboio Livre, 2005).
6 comentários:
Mayrant, sempre um poeta legítimo e inédito!
Não sou um decifrador de autores quando leio suas obras. Mas não é tão difícil perceber que poesias como essas são de Gallo, afinal sua escrita poética lhe é singular. Gosto disso, gosto de seus poemas!
Valeu!
nilson
Parabéns Mayrant, pelo aniversário e pelos poemas!
Mayrant, tentei um comentário no "Contramão" mas não consegui (as letrinhas não estão aparecendo). Então vai aqui o mesmo comentário (tanto serve para Mauro Mota como serve para você):
Poemas de uma beleza eterna, Mayrant, para comemorar seu aniversário. Parabéns!
Um abraço,
Ângela.
A literatura de Mayrant mudou minha vida, em muitos aspectos.
grandes escritos
mínimos
como devem ser as coisas boas
pô, mayrant - cada verso teu revela um universo... e para quem te lê a troca é intensa. obrigada por existir. e feliz aniversário!
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