sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Com a Palavra...

SANDRO ORNELLAS



1) Por que você escreve?

Acho que comecei escrevendo para imitar os escritores que gostava de ler, assim como crianças imitam adultos. Acho que continuei depois escrevendo porque tinha a impressão de que isso criava sentidos, significados, idéias, perspectivas e valores para a minha vida meio sem graça. Hoje, acho que escrevo, sem deixar os sentimentos anteriores e outros possíveis, também como um modo de discutir questões que me tocam, me afetam e me interessam das mais diversas maneiras.


2) O que você gostaria de escrever e por quê?

Gostaria de ser capaz de escrever prosa, o que acho dificílimo. Nos últimos meses, pela primeira vez, andei "rabiscando" no computador algumas tentativas de contos. Tenho também a idéia para um romance (acho que os "contos" são um treinamento para ele), o que não sei ser capaz de escrever. A prosa demanda um tipo de investimento físico e intelectual (se é que não são a mesma coisa) diverso do da poesia. Além disso, gosto de me ver como escritor, e não como poeta. A mitologia ao redor deste último me incomoda um pouco. O escritor também é mitificado, mas, no caso dele, a afirmação do Rimbaud de que "a mão que segura a pena vale tanto quanto a que empurra o arado" me parece mais pertinente. Isso, no entanto, é um valor absolutamente pessoal.



SANDRO ORNELLAS (1971) nasceu em Brasília-DF e mora em Salvador-BA. Autor de Simulações (poemas, Fundação Casa de Jorge Amado, 1998) e Trabalhos do Corpo (poemas, Letra Capital, 2007). Escreve o blog "Simulador de Vôo" (simuladordevoo.blogspot.com).



12 comentários:

Anônimo disse...

Imitar como um menino, crianças, subvertendo sempre, buscando despir a fábula, encontrar o rei vestido e despi-lo, tomando-lhe a coroa. É um caminho. O caminho. Pound & Faustino. Depois, o riso. Niezstche. O corpo falando por si. Apolo e Dionísio. Tá escrevendo contos, é mermão?!?! Baita surpresa...

Anônimo disse...

Sandro, gostei muito do que você disse: simples, direto, preciso e verdadeiro. Pessoa: "Se nunca tivesse havido poetas no mundo/ Seria eu capaz de ser o primeiro?/ Nunca!" Imitar é o primeiro passo para a originalidade; o último, quem sabe? Congratulações, Mayrant.

Anna Amélia de Faria disse...

A foto tá um negócio :) e... vai prosear? E que venham as conversitas. A entrevista tá bem bacana, legal falar em imitação, despretensioso e operante. Parabéns!

Anônimo disse...

é isso mesmo: direto e sem firulas bestamente intelectualóides; genuíno e outros adjetivos simples e diretos. como toda boa prosa deve ser.

sandro so disse...

Agradeço todos os comentários.

Valdo: vc anda com a memória bem fraquinha, heim?

Mayrant: é aquela história do repetir para aprender, né?

Anna: estava para agredir o fotógrafo na hora da foto...

Gustavo: curte vale-tudo? Acho o Minotauro o cara! Direto e sem firulas também. Sério! Adoro vê-lo!

Abraço a todos. E obrigado.

Senhorita B. disse...

Muito bom! Sandro mostra que ser um verdadeiro escritor prescinde de estrelismos ou coisas do tipo.

Anônimo disse...

Foto horrível. Entrevista ótima. Gosto muito da sua poesia, Sandro, e dos textos teóricos também. Um abraço.

Anônimo disse...

Sandro, Tamb�m gostaria de escrever prosa, mas o que consigo s�o alguns rabiscos po�ticos. mantenho o desejo, e espero algum dia escrever uma pequena prosa.

Kátia Borges disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sandro so disse...

Muito obrigado, Renata e Mô, pela força.
Pois é, Anônimo, não sou muito bom em ambientações, personagens, unidade de ação, essas coisas. Mas existem outras formas de narrar.
Abraços

Ayêska Paulafreitas disse...

Sandro, obrigada por manter o diálogo. Eu e Alyne iremos vê-lo na LDM. Beijos, Ayêska

anjobaldio disse...

Gostei da entrevista. Valeu.